QUANTUM

Ilustrações: Caminhante 16 e Jangada Artesanal 24 de Quantum 51 Poesias

AMADOR 1

Tentando escrever novamente:
A inspiração reflete na sombra da minha mente.
Meu lápis não tanto maleável como dantes,
Ali guiado com mera poesia, simplesmente.

Guardo conteúdo benfeitor...

Sempre curioso e atento,
Lutando com o vento do reconhecimento.

Insisto, coberto, sem temor.

Ajudado pela voz do coração:
Sigo feliz... Sou um amador!

Rio, Cidade Sempre Maravilhosa, 12/04/2014.

PREDESTINO 16

Caminho, estrada a percorrer com os próprios passos;
Caminho, destino resultante destes espaços e passos;
Caminho, predestino mesmo antes de saber andar.

Parece complicado passos nos acompanhado, 
Nem sempre traçamos o nosso próprio caminho, ou parte dele.

Rio, Cidade Na Sombra, 17 setembro, 2013 às 3:58 pm.

URUBU AZUL 19

Meu Urubu que sobrevoa, logo ali, no céu azul;
Voa bem alto pra procurar seu alimento,
Numa envergadura de dois metros de comprimento,
Lá nas correntes onde o ar é muito quente.

Ele não canta porque não tem siringe,
É criminoso quem o mata ou o atinge.

Não tem “Urubua”, ele é de forma epiceno,
Quando o vejo é certa a sorte ao meu Flamengo.

No ar soprado ao som de uma flauta,
Suavidade, Urubu Malandro, obra de arte.

Meu Urubu, agora, é todo azul;
Hoje no céu nublado e quase preto,
Sem preconceito ele é quase perfeito.

Mas, na verdade, eu sempre o vejo Rubro-negro,
Forte paixão e tão cheio de apego.

Rio, Cidade Azul, 13/09/2014.


VOVÔ JANJAN 24

Vamos conhecer o vovô JANJAN:
Ele é pescador desde menino.
O bom velhinho que andava no mar.
Sabe como ele conseguia caminhar sobre as águas sem afundar,
Ele fez um barco grande de madeira para navegar.

Ele tinha um netinho que com ele queria também andar no mar,
O vovô JANJAN para o netinho dizia:
- Você precisa crescer para ir comigo pescar nas águas do mar.
O netinho ficou muito triste,
Então o vovô deu este presente pra ele não chorar.

Uma pequena jangada, feita assim:
Um mastro de canudinho de plástico,
Uma vela de papel pintada com estrelinhas azuis e amarelas,
Alguns rolinhos de folha de revista e
Um pedaço de papelão, que é o seu chão.

Bem parecida com o barco grande de madeira do vovô,
Que com ele navega nas águas do mar, toda vez que vai pescar.

O netinho ficou feliz e com o barquinho foi brincar:
- Dizendo para o vovô, não esquecer, que vai pescar com ele quando crescer.

FIM

Rio, Itaipu, 05/06/2020.
Jangada artesanal construída pela mamãe do netinho.

RETRATOS 174 35

Sabe: O que você só entende quando escreve, não mais, quando lê.

Ela, Cátia, catita, nada de ascendorada, apaixonada pelo meeiro, que conheceu perto de um corrixo de sua cidade natal.
Ele, Abner, por sua vez, ardoso, não por ela e sim por Isabela uma trubufu, e parafraseando Toledo: cutuba como ninguém.

Sigo a Boiada:
Nesta viagem, comitiva, de pastos e matas, sou o meeiro conduzo a boiada.
Na bagagem pego a bruaca, mastigo carne oreada, olho pra frente, chateado: a vaca boiadeira e o boi de piranha serão maltratados. Por nada!
Ouço o culatreiro, Clemente, contando histórias, com toda moagem, de um turuno velho e valente.

Taciano, o boiadeiro tarová, da próxima vez vai nos contar histórias obscuras, de sons e gemidos, de boitatás lendários habitantes da região. Até lá!

Inspiração:
Livro: “Cronicontos e outros rabiscos” de Renato Toledo de Campos, lido e devolvido à estante do nosso condomínio, bloco 3, em 04/08/2019.

Rio Comprido, 03/08/2019. Bloco 3/707.
Ajuda: Página 174.
Lapada de cinturão, nada.
Obrigado!

MARIA BONITA 37

Domingo em um Circuito de Cordel.

Pouco entendo desta brasilidade,
Mas uma voz me diz: Acorda!
Transforme barbante em corda,
Faça pêndulos em sala, vá pendurar
Poemas e poesias de tantos temas,
Que no fundo nos trazem boas alegrias.

No início nossa Mestra que também é Maria,
Me fez lembrar do Sertão,
Sim ou não...
Sabe-se que “Maria Bonita nunca foi Menina Feia”.
Por amor às nossas raízes,
Exaltava Lampião.

Rio de Janeiro, Cidade Menina Bonita, 27 de outubro de 2019.

LÁPIS BORRACHA 38

Sempre expressei minha inspiração
Nas pontas de um lápis tipo B.
Hoje bem atrapalhado,
Não fiz nenhum rabisco,
Escrevendo e apagando,
Na história anterior, esqueci do Sr. Corisco.

Rio de Janeiro, Cidade Não Apaga, 27 de outubro de 2019.

NEBLINA 51

Imagine um quadro no céu
Aonde voam 5 gaivotas, geometricamente sombreadas, acima da neblina…

I. Hoje o tempo é neblinoso,
A negritude das gaivotas,
No céu.

II. Foi transformada pela magia
Da Natureza, umedecida,
Neste final de outono saltitante¹.

III. As aves tomaram um coloração
Acinzentada, voando ensaiavam
Uma bela ópera Fosca² celestial.

IV. Dedilhando um instrumento
Inconsistente de madeira,

Para orquestrar junto:
Apontando o meu lápis preto tipo “B”.

Como a visão teatral do céu foi possível?
Eram gaivotas!
Fossem graças, não!

Vi muito rápido este 1º. Ato³, são quatro.
Talvez, em mais seções de vida,
Assistidas;
Ingresso;
E mais tarde, regresso…

Rio, Belo dia, 30/05/2017.
Nota: Poema, trouvaille, escrito a lápis, nas páginas finais do “LIVRO SOBRE NADA” de Manoel de Barros.
¹ Saltitante: Sol/chuva; frio/calor.
² Fosca: É uma ópera em quatro atos do compositor brasileiro Antônio Carlos Gomes.
³ Ato: Seção de uma peça teatral.

Pericles Rodrigues Poyares
p.poyares@gmail.com & https://periclespoyares.blogspot.com